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Nos últimos anos tenho realizado minha produção e pesquisa a partir dos livros de artistas/ livros objetos. Nele há a perpetuação da forma clássica, a mais nobre forma de guardar e perpetuar o conhecimento, valores expressados com o zelo e o respeito pela superfície, pelo ato de folhear e o seu tempo. O livro limpo e plano, com textura, sombras e aromas adequados ao seu suporte. Suave, clássico, na qual o leitor deve- lhe ler e perceber com sua audácia, imaginação e memória o que ele nos tem a dizer.

Em contraste temos o criador, que se expressa através da transgressão de violar algo que já possui uma “alma” e nela tornar com que o “sagrado” crie- se objeto. É reinventa-lo, porém sem apagar as suas raízes lá existentes, é se complementar. Prova disso é o que cita Silveira (2001, p.24):

“... surpreendemos com o criador que se expressa pela ideia da transgressão, confrontando o escultórico com o plano, rompendo a página, dilacerando a estrutura, ferindo, formando, deformando e transformando. A possibilidade integral do tato (o toque pleno e sensual) e a profanação das regras quase sagradas de apresentação e uso do objeto livro”.

Pensando assim, que o livro feito com folhas de celulose, que ele é parte da natureza também, realizei uma busca por plantas que possuem folhas largas e que houvessem cor.

Escolhi a folha de bananeira, por ter todos os quesitos que eu procurava: cor, textura das fibras, folhas largas e principalmente por ser uma espécie típica brasileira. Com a ideia de que o livro seja feito com folhas ainda verdes e com o passar do tempo elas se podrefiquem, alterando assim o seu espaço/forma e cor. Utilizei linha dourado “bordando-se” assim, o próprio desenho natural das folhas, assim quando elas secaram provocou um degrade na cor dessa folha, foi escolhido não realizar a costura da lombar do livro, assim suas folhas ficavam livres para que pudesse-se realizar futuras interferências.

O conceito se baseia na metamorfose da vida na morte, e a influência de tempo e espaço. Relaciona-se também com a ideia de natureza morta, algo como still life (a vida silenciosa das coisas).

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